quarta-feira, dezembro 14, 2005

Suicídio Inn

O suicídio em Portugal é proíbido por lei. Ou seja, quem o fizer está a cometer um crime ou algo parecido.

Eu defendo a máxima que a liberdade de cada um acaba onde começa a dos outros. Assim, quem se quiser matar deve ser livre de o fazer. Mas em locais próprios. Não me apetece ir a passar na rua e levar em cima com um tipo que se atirou do topo de um prédio.

Considerando estes pressupostos proponho a criação de estabelecimentos de suicídio assistido. Estes colocariam à disposição dos interessados diversos auxiliares: lâminas para cortar os pulsos e uma banheira de água quente (para não se sujar tudo de sangue), uma corda de enforcamento, comprimidos para dormir ou uma prancha de mergulho para uma piscina sem água. Depois cada pessoa, conforme a sua preferência a as suas possibilidades financeiras, escolhia um destes métodos.
Haveria pessoal especializado a prestar informações de como proceder para um suicídio bem sucedido, mas as suas funções limitavam-se a isso, não podiam prestar auxílio na execução deste.
Por falar em suicídio bem sucedido: como há pessoas que não conseguem matar-se? O que fazem? Apontam um revólver à cabeça mas falham?
Caso houvesse alguém que recorresse a esta casa mas não tivesse sucesso, do género de se atirar da prancha de pés em vez de de cabeça e limitar-se a ficar tetraplégica, o Estado não iria gastar um cêntimo a tratá-las. Não precisamos de incompetentes que nem conseguem matar-se como deve ser.

Para os potenciais suicidas não era chegar lá, pagar e matar-se. Não. Iriam lá inscrever-se, tinham que arranjar três testemunhas de como o faziam de livre vontade e só uma semana depois poderiam concretizar o acto. Isto para não haver suicídios de cabeça quente, por exemplo do homem que tinha acabado de descobrir que a mulher rodava por todos os colegas de trabalho. Não. Teria que esperar uma semana e se a sua intenção se mantivesse então concretizava o acto.

Cada casa, na tentativa de angariar mais clientes, evoluía de forma a oferecer melhores e mais criativos serviços. Por exemplo, o suicídio árabe: marcava-se à mesma hora o suicídio de várias pessoas. Uma fazia de suicida árabe: davam-lhe uma mochila com explosivos. De seguida dirigia-se a uma carruagem (propositadamente colocada no local para este fim) onde se encontravam já outros suicidas. O que se passava depois é previsível.
Esta opção seria consideravelmente mais cara que as restantes, pois para além de obrigar à inutilização de uma carruagem, implicava também a compra de muitos radio-transmissores identicativos que seriam inseridos em diversas partes do corpo de cada participante para no final ser mais fácil distinguir que bocados pertenciam a quem.

Espero em breve apresentar esta proposta na Assembleia da República. Quem sabe se não haverá deputados que gostem tanto da ideia que decidem experimentar eles próprios uma destas casas. No entanto, com a competência revelada pela maioria deles, duvido que conseguissem levar a tarefa a bom termo.
No entanto, já imagino o apoio entusiástico de alguns grupos parlamentares a propôr incentivos fiscais a funcionários públicos que optassem por utilizar o serviço prestado por este tipo de estabelecimentos. Afinal de contas todas as medidas são válidas para combater o défice.

2 Comments:

At 15:59, Anonymous Anónimo said...

sabes lá do que falas.

 
At 12:05, Anonymous Anónimo said...

triste

 

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