A verdadeira identidade dos pastéis de Belém

Outro dia, entre uma imperial e um comboio para o Entrocamento, um amigo vira-se para mim e diz que na zona de Belém eram todos uns meninos bem, eram todos uns queques. Eu retorqui que não seria bem assim, que ele não podia generalizar. Afinal é deste modo que se cometem grandes injustiças. E demonstrei-o: "Olha para o caso dos pastéis de Belém. Pelas tuas palavras infere-se que são todos uns queques. E não são, são pastéis de nata."

Apesar desta brilhante argumentação da minha parte ele não se ficou: "Estás-me a dar razão. O pastel de Belém não passa de um pastel de nata que por snobeira [que bela palavra], por ser um queque, insiste em ser tratado como 'pastel de Belém', tal como os nobres que colocam a terra de onde vêm no nome".

Rendi-me, o pastel de Belém é definitavamente um queque.