terça-feira, janeiro 24, 2006

Alegre, o Vingador

Alegre teve cerca de um milhão de votos.
O número de funcionários públicos é cerca de 700 mil. Não sei quantos são os empregados de empresas públicas, mas penso que estes juntamente com os primeiros hão-de fazer um milhão.

Houve algum analista político que tenha visto a relação entre estes números? Alegre deve ter monopolizado os votos da função pública. Este governo cortou, ou planeia cortar a médio prazo, alguns benefícios dos funcionários públicos. Estes ficaram furiosos.
Cavaco falou em ajudar o governo, em cooperação estratégica. Com esta frase os empregados do estado devem ter ficado de pé atrás. Com Mário Soares, pior ainda. Este apareceu ao lado de Sócrates a elogiar-lhe a coragem de fazer reformas.
No meio disto apareceu um canditato despeitado com o PS e desejoso de se vingar do seu secretário geral. Manuel Alegre chegou a dizer que ponderava, se fosse eleito Presidente, destituir apenas o primeiro-ministro sem dissolver a Assembleia. Estas palavras devem ter sido música para os ouvidos de muitos funcionários públicos. Que melhor forma de se vingaram de quem se atreveu a mexer numa ou noutra regalia? Assim votaram massivamente em Alegre, o Vingador, pensando "Isto sim, é um voto útil. E esta, hein? Quem diria que era ao Domingo que eu fazia algo de útil?".

11 Comments:

At 15:37, Anonymous Anónimo said...

Eh pá! Acho que este post é um apelo descarado a comentários irados dos funcionários públicos.
Por outras palavras: o que tu queres sei eu!

 
At 18:21, Blogger MR said...

O primeiro que não votou Alegre que atire a primeira pedra!

OK, vamos ser um pouco mais cuidadosos:
O primeiro que votou Cavaco ou Soares que atire a primeira pedra!

 
At 17:08, Anonymous Anónimo said...

Mas será possivel que o MR não conheça nenhum funcionário publico que de facto trabalhe e seja um bom funcionário?

Parece-me que existe um pouco de exagero por parte de muitas pessoas quando se referem à função publica como um conjunto de inúteis. Ainda mais colocando (aparentemente) a culpa apenas nessas pessoas, quando a origem do problema (na minha opinião, claro!) estará noutro lado. É quase como se uma pessoa a partir do momento em que assina o contrato, se transformasse automaticamente num inútil!
Parece-me um pouco básica esta generalização recorrente!

Como em todo o lado há pessoas que trabalham e pessoas que não, há pessoas simpáticas e há pessoas antipáticas, e por aí adiante.

 
At 17:27, Blogger MR said...

A questão não é se há ou não funcionários públicos competentes.
A questão é que estes gozam de inúmeras regalias comparativamente aos restantes que não têm justificação.
Relativamente à questão de quando assinam contratos tornarem-se automaticamente inúteis, é uma boa caricactura. Em muitos serviços do estado o sistema cultiva a incompetência e o desperdício e quem luta contra isso corre o risco de ser triturado.
Claro que há empresas privadas assim, mas nesse caso eu habitualmente tenho a opção de gastar o meu dinheiro numa concorrente. No estado não.

 
At 18:05, Anonymous Anónimo said...

Se a questão não é essa, então parece! As minhas desculpas...

Quanto às regalias, lembro que ao longo do tempo as regalias geralmente conquistadas para a função publica foram referencia para o sector privado. Ou seja, O sector publico exercia alguma pressão sobre o sector privado, conseguindo assim algumas regalias também para os trabalhadores do sector privado. Disso são exemplo o fim-de-semana e o direito às férias. E quem sabe do assunto, poderá dar mais exemplos que eu desconheço. Se hoje temos férias foi porque alguém lutou por isso, conseguiu-o para a função publica e assim para todos nós.
Também os aumentos salariais do sector privado têm como principal referência os aumentos aprovados para o sector publico. Existem ainda inumeros montantes calculados com base no valor do salário mínimo nacional. Enfim, creio que os exemplos serão muitos.

Não são os funcionários publicos que têm regalias a mais. São os privados que têm a menos. E se a gestão fosse diferente, os funcionários publicos poderiam continuar a ter essas regalias e os privados talvez as pudessem conseguir também. Assim houvesse a vontade da mudança e a união para a conseguirem!

 
At 11:00, Blogger MR said...

Nunca nos meus posts falei de incompetência dos funcionários públicos. Falei da utilidade do que faziam. Por exemplo, em Portugal há 50 mil agricultores a tempo inteiro e o Ministério da Agricultura tem 12 500 funcionários, ou seja, um funcionário para cada quatro agricultores. Destes 12 500, 7 500 estão em Lisboa. Alguém sabe-me dizer o que fazem estas pessoas todas? Processsam subsídios?
O Estado é uma enorme máquina burocrática que em vez de ter como função servir o cidadão, desmultiplica-se em serviços redudantes e para si próprio.
Mas sim, afirmo que a incompetência no Estado é claramente superior à maioria nos outros sectores. Um sistema de absoluta segurança do emprego e que não valoriza o mérito só podia ter essa consequência.

As férias e os fim de semana estão na lei quer para o sector privado quer para o público, apesar de para este último existirem mais dias de férias.
Penso então que chegou a altura de igualar mais algumas coisas: por exemplo, o emprego vitalício: o Estado deve impedir as empresas de despedirem pessoas. Caso estas fechem, o Estado então assegurá o salário dessas pessoas até à sua reforma e depois essa mesma reforma. É isto que se passa no Estado, podem haver serviços que desaparecem mas as pessoas que o faziam não perdem o emprego. É da mais elementar justiça que as regras sejam iguais para todos os portugueses.
Outra regra: por muito incompetente que sejas, nunca poderás ser despedido. É assim, na função pública, merecemos que seja assim para todos.
Sistema de saúde: porque motivo há a ADSE? Porque têm melhor assistência de saúde os empregados do estado? Igualar já.
Continuo? Então já para o sector privado: mais dias de férias, horários mais reduzidos, faltar dez vezes mais que actualmente sem consequências, entre muitas outras coisas.
Concordo consigo, o sector privado é que tem regalias a menos. Vamos legislar estas regras. Depois temos é que arranjar alguém que produza para sustentar este sistema.

 
At 13:54, Anonymous Anónimo said...

Ok... vejo que não me fiz entender. E vejo também que muita gente só vê aquilo que quer ver, e perante os problemas apenas vê soluções radicais. É pena, mas as pessoas assim tendem a aumentar. Pelo menos no sector privado!
Já sei: privatizar tudo é mesmo a melhor solução! Depois pia tudo baixinho para não ofender ninguém e não ser despedido!

 
At 14:40, Blogger MR said...

Soluções radicais?
Pedir que o estado tenha menos burocracia, que apenas tenha pessoas cujo trabalho efectivamente contribua para o bem comum, de forma a poder prestar um bom serviço, de forma a que seja possível baixar os impostos e criar um clima favorável para que as empresas honestas e que contribuem para a riqueza do país possam surgir e desenvolver-se?
Solução radical achar que não deve haver tamanha disparidade entre as regras para trabalhadores do mesmo país?
Não falei em privatizações nem em nada disso. Isso é outro assunto.
Parece-me que as pessoas insistem em ver nas minhas palavras o que não está lá escrito.

 
At 14:55, Anonymous Anónimo said...

Senhor MR, não se preocupe que isto agora com o Cavaco e com o Socrates vai tudo ao lugar! Agora é que é! Acho que eles também têm a sua opinão sobre "estes" assuntos (ou parecida, já dando desconto aos, meus, maus entendimentos das suas palavras) e agora que têm o "monopólio" é que este pais vai finalmente para a frente como deve ser!

 
At 15:14, Blogger MR said...

O que este governo fez até agora foi aumentar impostos e não alterou a gestão da função pública que passa obrigatoriamente pela supressão de serviços inúteis e redundantes e a avaliação de mérito.
Mas fico feliz que eles pensem como eu. Então há esperança.

 
At 17:23, Anonymous Anónimo said...

Pelo menos para alguns!

 

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